RARUS – SAÚDE MENTAL – Escola e Clínica de Psicanálise

Não sei mais o que eu faço com este menino!

 

Em toda a minha carreira de 23 anos na Educação, esta é uma das frases que eu mais ouvi: “Não sei mais o que eu faço com este menino”. Você pensa: “deve ser um adolescente de 17 anos, que já aprontou todas”. Aí vem o susto: o tal “menino”, é uma criança de 1, 2 anos! E os pais já não sabem o que fazer com ele!

A verdade é que os pais encontram-se cada dia mais fragilizados e sem saber o que fazer para educar seus filhos, talvez porque sejam a última geração de filhos que obedeceram a seus pais, tornando-se também a primeira geração de pais que, covardemente, obedecem a seus filhos.

Seja por preguiça ou por falta de conhecimento (nunca por má fé, acredito eu), os pais estão abrindo mão de exercer o papel que lhes compete na educação de suas crianças, comprometendo seriamente o desenvolvimento psicológico de seus filhos que esperam, sequiosos, por um adulto competente que os direcione nos caminhos da vida.

E já que a frase é “não sei o que eu faço…”, trouxe 5 dicas para que vocês, pais, recuperem o seu lugar único e exclusivo, pois acredito muito no poder do conhecimento para despertar a transformação nas nossas ações diárias. 

1ª – “Reintegração de posse afetiva”: expressão utilizada pelo psicólogo Rossandro Klinjey, para dizer da necessidade que os pais têm de reassumir a sua posição hierárquica na relação. Pegue de volta o seu lugar e assuma o controle da situação;

2ª – Repita a norma até a exaustão: educação é o conjunto de hábitos adquiridos. E construir hábitos não é tarefa fácil. Exige repetição. E repetição cansa. E cansados abrimos mão. Não desista! Repita as regras até que haja interiorização. Como quando falamos com nossas crianças para calçar o chinelo ou escovar os dentes um milhão de vezes;

3ª – “Vou dar tudo que não tive para meu filho!”: cuidado! Foram exatamente as frustrações que precisamos vivenciar que nos formaram com o caráter de hoje. Dê ao seu filho o suficiente para que ele cresça saudável e feliz, mas não dê tudo. Assim, ele reconhecerá o valor das coisas;

4ª – Dê uma base sólida à criança: se o alicerce de conhecimentos e valores que damos aos nosso filhos é firme e seguro, quando os conflitos começarem a surgir na vida deles, eles terão uma base sólida onde se apoiar e se equilibrarão. 

5ª – Apresente a frustração: há um conceito na psicopedagogia chamado de frustração ótima, que é a frustração apresentada pelo amor da família. Se os nãos começarem a ser recebidos do pai e da mãe, as estruturas emocionais e psicológicas estarão fortalecidas para as frustrações que surgirem ao longo da vida. 

Passe a vivenciar essas 5 dicas no exercício cotidiano de sua parentalidade. Somente elas já produzirão grandes transformações na convivência com sua criança, bem como com toda a família.